Como organizar as finanças pessoais na Era da Incerteza
Dicas de Gustavo Cerbasi para superar a crise sem afetar o bolso.
A sociedade moderna vivencia fatos queafetam diretamente as pessoas. O cenário atual, de absoluta imprecisão, altera as condições e define novos rumos. Este momento contemporâneo, citado por Luís Fernando Christmann, é chamado de A Era da Incerteza. É neste ambiente que administrar corretamente as finanças pessoais e planejar o futuro tornam-se ainda mais difíceis, mas não impossíveis, segundo Gustavo Cerbasi, mestre em Administração e Finanças pela USP (Universidade de São Paulo).
Gastar menos do que ganha e investir a diferença; contar com reservas financeiras para tirar recursos em períodos de crise, inflação ou desemprego; poupar para consumir preferencialmente à vista ou com bom poder de barganha; investir em ativos de risco, mas diversificando para não ter perdas significativas em períodos de crise. Estas são algumas dicas do autor do audiolivro “Cartas a um jovem investidor", em entrevista por e-mail ao Boletim do Empresário. Nele, o também graduado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), dá dicas de como administrar corretamente as finanças pessoais, ainda que em períodos de turbulência.
“São lições simples que costumam ser ignoradas em períodos de fartura, quando nos sentimos mais ricos do que realmente somos”, aponta Cerbasi. Segundo ele, o planejamento financeiro familiar deve conter regras de longo prazo, que funcionem tanto nas crises, quanto nos momentos de prosperidade. Com tom otimista, o economista ressalta que, quem conta com as crises e faz planos de longo prazo, não se afeta pelos ajustes de curto prazo. “Contar com a crise é esperá-la para, por exemplo, resgatar recursos da renda fixa para investir em ações baratas ou para comprar o tão sonhado imóvel no litoral.”
Para Cerbasi, não importa se investindo ou consumindo, todos podem tirar bom proveito dos períodos de ajuste, se houver disciplina para aguardá-los. Este mecanismo deve ser ainda mais preciso neste primeiro semestre de 2009, previsto como turbulento. “Os humores dos investidores vão oscilar entre momentos de euforia e depressão, causando um sobe e desce nos mercados. Mas, decisões importantes estão sendo tomadas no mundo, as quais gerarão movimentos de recuperação que serão percebidos a partir do segundo semestre. Como o Brasil foi menos impactado pela crise, a economia brasileira deve sair desse período ainda mais forte”, sinaliza.
Incerteza?
Diferentemente de Christmann, o escritor acredita que não é possível rotular o momento atual de Era da Incerteza, mas de Era da Realidade ou Era do Ajuste. “Ficamos muitos anos sem ajustes significativos, o que criou a ilusão de que é fácil ganhar dinheiro no mercado financeiro. Na verdade, complicado não é, mas é preciso contar com disciplina, tempo e boas informações para colher resultados de longo prazo. Com a crise, o ganho ilusório desapareceu e novos milionários voltaram a ser, simplesmente, sócios de boas empresas. Se investirmos em boas empresas ou se trabalharmos com afinco e dedicação, colheremos os frutos. A crise só serviu para nos lembrar disso”, ressalta.
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