Produção industrial devolve parte da alta de junho e cai 1,4% em julho, diz IBGE

A produção industrial brasileira caiu 1,4% em julho, devolvendo assim parte da alta de 4,3% (revisada para cima) de junho, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgada nesta quarta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicado veio pior que o esperado pelo consenso LSEG de analistas, que previa queda de 0,9% na comparação mensal.

Em relação a julho de 2023, a indústria teve crescimento de 6,1% na sua produção. No ano, acumula alta de 3,2% e, em 12 meses, expansão de 2,2%.

Com esses resultados, a indústria se encontra 1,4% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 15,5% aquém do ponto mais alto da série histórica, obtido em maio de 2011.

De junho para julho, duas das quatro grandes categorias econômicas e somente sete dos 25 ramos industriais pesquisados tiveram queda na produção.

As principais influências negativas vieram de produtos alimentícios (-3,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,9%), indústrias extrativas (-2,4%) e celulose, papel e produtos de papel (-3,2%).

André Macedo, gerente da pesquisa, comentou em nota que o desempenho negativo da indústria em julho ocorre após intenso crescimento no mês anterior, que por sua vez foi influenciado pelo retorno à produção de unidades afetadas direta ou indiretamente pelas chuvas ocorridas no Rio Grande do Sul em maio.

“Grande parte do recuo registrado neste mês tem relação com o avanço expressivo visto no mês anterior, mas também se observa que importantes plantas industriais realizaram paralisações no seu processo produtivo”, avaliou.

Ainda segundo Macedo, o resultado de julho caracteriza-se por ter poucas, porém atividades industriais com relativa importância na estrutura industrial, que mostraram queda na produção acima da média da indústria.

“Apesar disso, quando comparamos o patamar da indústria em julho deste ano com dezembro de 2023, o setor industrial está 1,2% acima, mostrando a permanência de uma trajetória ascendente”, comparou.

Setores em destaque
Responsável pelo maior impacto negativo no resultado deste mês, o setor de produtos alimentícios recuou 3,8% e eliminou o avanço de 2,6% registrado em junho. “Houve queda na produção de açúcar, impactada pelos efeitos da seca no Centro-Sul do país, de carnes de bovinos e de produtos derivados da soja. Esses itens foram os que mais contribuíram negativamente neste mês”, afirmou Macedo.

Os segmentos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,9%) e de indústrias extrativas (-2,4%) interromperam sequência de dois meses de crescimento na produção, período no qual acumularam ganhos de 6,4% e 5,7%, respectivamente.

Assim como aconteceu com o setor de alimentos, o segmento de derivados do petróleo e biocombustíveis, com perda na produção de álcool, também foi afetado pelo processamento da cana de açúcar. No caso de indústrias extrativas, os dois principais produtos, minério de ferro e petróleo, mostraram resultados negativos.

No sentido oposto, entre as 18 atividades que apresentaram alta na produção, veículos automotores, reboques e carrocerias (12,0%) exerceu o principal impacto em julho de 2024, aumentando o ritmo de crescimento quando comparado ao desempenho obtido em junho (4,8%).

“Os automóveis foram determinantes para esse resultado. As autopeças, em menor grau, também ajudaram o setor”, acrescentou o responsável pela pesquisa.

Também houve avanços expressivos nos ramos de produtos de metal (8,4%), produtos diversos (18,8%), produtos químicos (2,7%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (12,1%), máquinas e equipamentos (4,2%), impressão e reprodução de gravações (23,4%), produtos de borracha e de material plástico (3,5%), outros equipamentos de transporte (9,0%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (5,1%) e de confecção de artigos do vestuário e acessórios (5,5%).

Em relação às grandes categorias econômicas, ainda na comparação com junho, o setor de bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-3,1%) apresentou a taxa negativa mais elevada, eliminando parte do crescimento verificado no mês anterior (4,5%).

O segmento de bens intermediários (-0,3%) foi outro a mostrar queda na produção, depois de avançar 2,3% em junho.

No sentido inverso, os setores de bens de capital (2,5%) e de bens de consumo duráveis (9,1%) alcançaram resultados positivos em julho de 2024, e intensificaram as expansões vistas no mês anterior com, respectivamente, 0,8% e 5,9%.

 

Fonte: InfoMoney